Sentindo-me angustiado, há alguns dias, resolvi movido por tradição, ir a Aparecida a fim de meditar e buscar algum alívio. Enquanto aguardava o horário da Missa percebi e me dirigi ao subsolo da Basílica onde funcionava um bem organizado “serviço” de confissões com palestra de orientação prévia. Vale destacar a imponente área construída com muita arte com seus átrios e confessionários tipo consultórios que mais parecia um amplo e luxuoso ambulatório médico onde atendiam diversos padres e bispos o que me deixou bastante admirado diante da magnitude, frequência de fiéis, organização, tipos de serviços e arquitetura arrojada, entre outras coisas, de toda a Basílica e do Santuário como um todo, o que me levou a pensar no poder da fé popular e de N.S. Aparecida.
Durante o ato eu relatei ao meu confessor o meu principal problema – pecado que me deixava, entre outras coisas, muito angustiado. Disse-lhe que chegava a odiar uma pessoa de meu relacionamento a qual eu considerava muito má, cheia de defeitos, agressiva, ladra, corrupta, ardilosa e inúmeras outras “qualidades” que provocavam em mim grande repulsa e vontade que essa pessoa não existisse. Então, para minha surpresa, o padre não pediu para que eu mudasse o meu sentimento ruim mas empaticamente disse que deveríamos ambos orar e pedir a Deus para converter essa pessoa. Assim entendi que ele agiu segundo o ensinamento de Jesus que não condena os pecadores mas deseja e orienta-os sempre para o bem tal qual fez com a mulher adúltera, o bom ladrão e a conversão de São Paulo que era o terror dos cristãos de sua época e que se transformou no oposto sendo um dos principais fatores da divulgação e defesa do cristianismo. Entendi que a melhor solução para os nossos problemas seria a mudança e conversão para o bem dessa pessoa e que ao pedir isso a Deus meu ódio se dissipava e isso seria o primeiro passo para melhorar o nosso relacionamento e que as outras etapas dessa mudança, pela minha fé, tenho certeza que Deus providenciaria no momento oportuno.
Percebi que, sempre a opção que traz mais vantagens para todos, resolve melhor os nossos problemas, sem violência, tristezas e mortes é tentar (pedindo a ajuda de Deus) consertar, mudar ou converter as pessoas para o bem e nunca achar que elas não valeriam mais nada, descartando-as e achando que seria melhor guerreá-las, separá-las, afastá-las, prendê-las, executá-las, etc. Diferentemente de eletrodomésticos, uma pessoa “consertada” será sempre melhor, estará vacinada e imune ao defeito que ela tinha, conforme aprendemos com a conversão de São Paulo.
Aprendi, portanto, que devemos respeitar sempre o potencial da maravilhosa mente humana, mesmo quando achamos que está voltada para o mal. Acreditar que essa mente tem (ou lhe é dado) o poder de entender as vantagens de consertar seus defeitos e assim usar todo o seu potencial (que é sempre grande e maravilhoso) para defender o bem comum, a vida, associações, ajuntamentos, composições, sínteses, AMOR e enfim todos os sinônimos do próprio Deus.
GABRIELE ALESSIO
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